O palestrante e o networking
Por Mario Persona
Todo palestrante sabe que é importante conseguir clientes, e
há diferentes maneiras de se fazer isso. Antigamente era preciso gastar muito
com anúncios em jornais, revistas, rádio e TV, e por isso poucos palestrantes
conseguiam sair do anonimato. Com a Internet as coisas mudaram e tudo ficou
mais fácil para o palestrante, seja ele novato ou com anos de carreira. Mas é
claro que muitos palestrantes acabam indo com muita sede ao pote e trocam os
pés pelas mãos.
Existe um negócio chamado "email marketing" que só é realmente isso
quando alguém se cadastra para receber suas mensagens. Fora isso não passa de
spam, mesmo que venha com aquela bobagem escrita no final, que é uma tradução
mal feita do inglês sobre um decreto de coisa nenhuma:
"Esta mensagem é enviada com a complacência da nova
legislação sobre correio eletrônico, Seção 301, Parágrafo (a) (2) (c) Decreto
S. 1618, Título Terceiro aprovado pelo "105 Congresso Base das Normativas
Internacionais sobre o SPAM".
Este E-mail não poderá ser considerado SPAM quando inclua uma forma de ser
removido. Para ser removido de futuros correios, simplesmente responda
indicando no Assunto: REMOVER."
Parece de verdade, mas não é. Portanto quem se vale destes
dizeres no final da mensagem não está apenas praticando SPAM, mais está
enrolando o destinatário com uma conversa mole sobre uma falsa legislação.
Mas o que o palestrante pode fazer para ficar conhecido? Um bom site, de
preferência em html sem grandes recursos que inibam o Google, muitos artigos
enviados como colaboração a sites, jornais e revistas, participação ativa em
comunidades e redes sociais, autoria de livros, palestras de cortesia para
entidades assistenciais, vídeos no Youtube, podcast, blog e o que mais a
imaginação inventar. Será de grande ajuda começar lendo o livro "Os 8 Ps do Marketing Digital: O seu Guia Estratégico de Marketing
Digital" do Conrado Adolpho, que inclusive estudou minha
estratégia de marketing digital e dedicou algumas páginas ao "Case
Mario Persona".
Alguns alertas são necessários: Primeiro, artigos para a mídia não são textos
de propaganda falando do palestrante, mas falando daquilo que seja de interesse
dos leitores. Você deve também participar de comunidades e redes sociais NÃO
de palestrantes, porque eles não são seus clientes em potencial (acredita que
tem palestrantes que vivem enviando SPAM de propaganda para mim?!).
Procure comunidades e redes de pessoas de RH ou de áreas que sejam
multiplicadores e formadores de opinião dentro da área ou tema onde você mais
atua. E, mais uma vez, você não estará ali para falar de suas palestras, mas
para falar daquilo que aquelas pessoas achem interessante. Aí elas verão que
você é uma sumidade em qualquer assunto e irão querer saber mais desse Einstein
ainda desconhecido no pedaço. Essa é a deixa para mandar seu www para a pessoa.
Publicar vídeos com trechos de palestras ou assuntos gerais é outra boa
estratégia. Mais um alerta (tenho a impressão de que já alertei aqui...): Não
faça vídeos institucionais com música de fundo e nenhum conteúdo porque só a
sua família (às vezes nem isso) vai se interessar. Dê às pessoas o que as
pessoas estão buscando, ou seja, o tutano que você promete dar em suas
palestras. Se você estiver preocupado que as pessoas vejam nos vídeos tudo o
que você tem para apresentar nas palestras, então é melhor ir encher esse
tanque um pouco mais.
Tem algo que também pode ajudar a gerar clientes para o palestrante: networking
em eventos. Sempre é bom participar e trocar cartões. O networking
funciona em eventos públicos e abertos, seja você o palestrante ou não, onde
você poderá encontrar pessoas de diferentes segmentos e talvez achar um fio de
meada que leve você a um cliente.
Se você é autor de livros, cuidado com o costume de alguns palestrantes de
vender livros, eles mesmos, após o evento. É melhor ter alguém para fazer isso
do que você ficar ali fazendo troco quando poderia estar conversando com aquele
industrial que queria ter uma chance de trocar meio minuto de prosa com você
para contratá-lo para fazer vinte palestras para sua equipe. Se for noite de
autógrafos aí não fica bem você colocar outro autografando por você, mas fique
atento porque no Brasil ainda existe a ideia de que noite de autógrafos é
quando o autor distribui livros de graça.
Aqui vai mais um alerta (Não! De novo!?): Quando participar de eventos in
company, nos quais você é o palestrante, muito cuidado em querer "se
enturmar" ou "fazer networking" depois da palestra. Um evento in
company é como uma reunião de família, onde os colaboradores da empresa são
todos primos e irmãos, e você é como o garçom que foi contratado para servir um
coquetel. Só isso. Depois de servido o coquetel, ninguém espera que o garçom vá
querer socializar com os presentes, porque a conversa ali vai ser de família.
No começo da carreira eu até tentava, mas logo percebi que acabavam colocando
alguém para me fazer companhia e o cara ficava o tempo todo olhando por cima de
meu ombro para a turma de colegas que estava se divertindo à beça. E ele era
obrigado a ficar ali aturando a conversa de um palestrante que conheceu há duas
horas e que nunca mais irá encontrar.
Até mesmo quando está programado um almoço ou jantar após a palestra, ligue seu
desconfiômetro para perceber se você foi ou não incluído na lista de comensais,
e não fique lá com cara de cachorro sem dono esperando uma boca livre. Na
maioria das vezes o que se espera do palestrante é que ele fique invisível após
a palestra; que ele simplesmente desapareça. Como o garçom que serviu o
coquetel.
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